quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Lourmarin

Sem muito tempo pra conversar, deixo aqui algumas fotinhas que mostram um pouco do clima e das luzes provençais. Ou, pelo menos, do clima que estamos buscando. Estas fotos foram tiradas em Lourmarin, uma das cidadezinhas mais bonitas e graciosas da França, com ruazinhas simpáticas e fotogênicas. No cemitério local estão enterrados Albert Camus et Henri Bosco.

O grande programa é caminhar, olhar, fotografar (ou pintar, dependendo da habilidade de cada um) e na ida, na vinda ou durante, dar uma paradinha completamente sem pressa, para sentar-se numa das mesinhas da calçada e tomar um copinho de vinho ou de outra coisa que dê prazer. (Ao clicar nas fotos, abre-se uma ampliação. E a maioria das fotos é da Lúcia Valente, que está montando uma enorme coleção de janelas)

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

O conceito

Esta viagem foi pensada para ser daquele tipo em que a gente não muda de hotel. Fica num lugar bem situado (assinalado no mapa acima), sai para passeios de um dia e volta sempre ao mesmo lugar, sem ficar fechando e abrindo malas. Isso é mais fácil na Europa, onde as distâncias não são tão grandes como no Brasil.

Como nosso objetivo é explorar um pouco a Provence, escolhemos uma pousada (em francês, Chambre d'Hôte) na localidade de Cazan, que se prestava bem ao que queríamos. Dali dá pra ir ao Mediterrâneo (Marselha, Cassis, Bandol) em uma hora. A Apt e Fontaine de Vaucluse, ao norte, também mais ou menos nesse tempo. A Arles, cidade cheia de relíquias romanas, a leste, e a Avignon, a cidade dos Papas, também. Ou seja, estamos a uma hora, no máximo, de todos os pontos que pretendemos visitar.

Situada numa região rural, a um quilômetro, se tanto, da rodovia, a pousada é essa aí da foto. O nosso quarto é aquele da janela aberta, à esquerda, no andar superior. O silêncio é ensurdecedor. Fora o fato que, praticamente ao lado, dentro da mesma propriedade, tem um castelo construído por volta de 1600, o que adiciona charme ao lugar.

A vista da janela do quarto, iluminada pelo sol da manhã. Aquela estradinha de cascalho branco é a que leva ao mundo exterior. O lugar onde a gente descansa, numa viagem, é fundamental. Um bom banho e uma noite em cama limpa e confortável não têm preço. Embora esta pousada, com toda sua graça e conforto, não seja das mais caras: 60 euros por dia, o casal, com café da manhã. Uma suíte ampla, com um surpreendente banheiro grande e moderno (é comum os banheiros serem minúsculos e antigões).

Outro adicional que pode ser para o bem ou para o mal, nessas pousadas, é a simpatia (ou a falta de) dos proprietários, que vivem na casa. Neste caso, são simpaticíssimos e alegres, o que ajuda a estadia a ser mais tranqüila e animada.

Neste mapa mais detalhado dá pra ver que o Besc e a Cazan são próximos, mas eu fiz questão de mostrar por um outro motivo: tem as estradinhas antigas, estreitas e cheias de curvas (as linhas brancas mais finas), as estradas um pouco mais largas e retas, mas em pista única e as auto-estradas de pista dupla com várias faixas de rolamento: todas em excelente estado de conservação. Seria mais ou menos como se tivessem asfaltado a estrada antiga de Florianópolis a Lages, construída há séculos e a mantivessem aberta, junto com a BR-282, que é mais nova e depois ainda tivesse uma outra, com pedágio, mais reta e rápida. A gente tem sempre várias opções para ir de um lugar a outro.

A estradinha antiga é mais lenta, estreita e cheia de curvas mas, dependendo da região, muito mais interessante. E asfaltada, sinalizada, sem um único buraquinho. Ah, e para circular, um carrinho alugado, igual a estes que a gente tem no Brasil, mas com uma diferença fundamental: a diesel. Enquanto nos carros a álcool ou a gasolina a gente está acostumado a rodar no máximo uns 400 quilômetros com um tanque, no carrinho a diesel dá pra rodar o dobro, pelo menos.

Algumas estradas, nesta região, têm trechos cercados de plátanos, uma espécie de árvore oficial do lugar (aquela cuja folha faz parte da bandeira do Canadá). Essa estrada aí é uma daquelas intermediárias, deve ter sido construída no começo do século passado. Se quiser andar a 130km/h e chegar mais rápido, é só pegar a auto-estrada com pedágio. Se quiser passar em algum vinhedo pra provar um vinhozinho, sem pressa, pode pegar a outra, ainda mais estreita.

Na primavera, a Provence se enche de lavandas e aqueles campos azuis têm sido muito fotografado e pintado por artistas de várias épocas, escolas e nacionalidades. Abaixo, uma foto que, naturalmente, não é minha (nesta época os campos não estão azuis), pra vocês terem uma idéia da coisa. Pra ver mais fotos primaveris da rota da lavanda, na Provence, clique aqui.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Estou em casa?

Estava a caminho da pousada, quando passei por uma cidadezinha cujo nome me soou estranhamente familiar. Fiquei matutando por quê e de repente a ficha caiu: o BESC! sim, Lambesc, a cidade mais próxima de onde ficarei. Mas pelo que vi no centrinho não tem nenhuma agência, nem caixa automático do banco mezzo catarinense mezzo federal.

E só quando estava chegando à pousada é que caiu a segunda ficha: ela fica na localidade de Cazan. Com z, mas o som é bem semelhante àquele que jorra das nossas torneiras. Com Casan e BESC por perto, o que faltaria?

Claro, a velha e boa Telesc! E escrita como se pronunciava em Florianópolis (talvez com um ele a mais, mas não faz mal). A linha de ônibus que passa no BESC e na Casan é a Telesc. Pronto, já me localizei. O mundo é mesmo muito pequeno!

Ah, antes que esqueça de avisar:
neste blog, ao clicar numa foto, abre-se uma ampliação.
Pra encerrar, um pouco de malícia. Isso lá são nomes que se dêem a duas cidades tão próximas? Vaugines (pronuncia-se "vogine", o que, para nossos propósitos, é suficientemente parecido com o que vocês estão imaginando) e Cucuron. Eu sempre soube que, em outras situações, a Vaugines ficava perto do Cucuron, mas não sabia que a proximidade também se mantém em se tratando de cidades.

A escolha do destino

Muitas vezes o sucesso ou fracasso de um passeio pode ser determinado antes da saída. A menos que o propósito seja mesmo a aventura completa, não custa informar-se um pouco sobre o destino. A Internet torna essa tarefa fácil, rápida e muito prazerosa. Com o Google Earth, por exemplo, é possível "sobrevoar" a região para entender melhor sua geografia.

E o que a experiência tem ensinado é que pode ser mais legal explorar bem uma região menor ou mais delimitada do que zanzar superficialmente. Visitar dez capitais em 15 dias pode parecer fascinante à primeira vista, mas é uma total perda de tempo e dinheiro. A gente acaba não tendo tempo nem disposição para conhecer direito os lugares.

Nesta viagem, o destino é a Provence, a Província, região no sul da França cujo nome vem da época em que era uma província romana. E a proposta é ficar numa pousada bem localizada, que permita que, com passeios de um dia, se visite os pontos principais da região. Isto evita ter que mudar de hotel, fazer malas, desfazer malas, que é a parte chata e cansativa da viagem.

Chegamos à França pelo aeroporto Charles De Gaulle, nos arredores de Paris. Que tem, no próprio complexo do aeroporto, uma estação de TGV, o trem de alta velocidade (viaja a cerca de 300 km/h). Mas, é claro, o atraso no vôo fez-nos perder o único trem do começo da tarde para Aix-en-Provence. A saída foi ir até uma estação em Paris, a Gare Lion, para pegar outro TGV para lá.

As estações de trem, na Europa, são em geral muito agradáveis (civilizadas, eu diria). Terror dos não fumantes, têm bares e bistrôs que aliviam a espera pelo trem.

Não sou um bebedor inveterado ou contumaz, mas gosto de experimentar, aqui e ali, os sabores locais. E uma cervejinha é ótima companhia para um sanduíche parecido com aqueles que o Inspetor Maigret costumava mandar buscar na Brasserie Dauphine.

O TGV é um capítulo à parte. Em pouco menos de três horas se vai de Paris ao Sul da França, vendo a paisagem, sem solavancos, sem o ruído ensurdecedor dos aviões e com alguns confortos extras, como tomadas elétricas para laptops ou tocadores de DVDs, carro-restaurante e poltronas confortáveis. Se a gente não soubesse que o trem viajava a 300 km/h diria que ele estava a, no máximo, uns 200 km/h.

Manda a boa prática do turista profissional que nunca se chegue a uma cidade desconhecida à noite. Mas nem sempre é possível. Como o avião atrasou, pegamos um trem mais tarde, já estava anoitecendo quando alugamos um carro na estação TGV de Aix-en-Provence. O jeito foi dar uma passada no centro da cidade, dar uma olhada na famosa e charmosa Cours Mirabeau à noite mesmo, só para tomar um copo e comer alguma coisa antes de ir para o hotel.

A carta de vinhos tem algumas coisas meio exageradas, como esses vinhos a 295 Euros a garrafa (exageradas pra quem não é rico, mas alguns desses vinhos valem cada centavo). Mas uma taça de vinho da casa (vinho nacional, normalmente produzido ali pelos arredores) é muito satisfatória, a um preço compatível com o preço dos refrigerantes.

Eu prefiro continuar minhas descobertas cervejeiras, apurando o paladar e comprovando que, ao contrário do que, no Brasil, a Skol, a Brahma, a Antarctica e várias outras nos quiseram fazer crer durante anos, cerveja não é tudo igual nem existe só a pilsen. Tem cervejas e cervejas e uma pode ser tão diferente da outra quanto os vários tipos de vinho diferem entre si. Boa noite.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

No ar

Nos próximos dias vamos viajar juntos. Sempre que der, vou colocar algumas fotos e comentar alguma coisa. Não esperem um grande caderno de viagem nem fotos espetaculares. Apenas uma espécie de passatempo enquanto a coluna De Olho na Capital estiver fora do ar.

Uma entradinha leve, no jantar a bordo. E um vinhozinho francês, para começar a calibrar o paladar e preparar-se para o que vem por aí.

Comidinha leve, porque não é bom comer demais (nem beber demais) num ambiente pressurizado com umidade baixíssima. Sei que vocês já devem ter percebido, mas este não é o serviço de bordo da classe turística. Porcelana, copos de cristal e talheres de metal...

Queijinhos franceses de sobremesa, para completar a preparação gustativa.

Com licença que a viagem é longa e é preciso descansar um pouco para poder aproveitar o dia seguinte.

Um café da manhã frugal.

Parte da viagem é feita de manhã, com dia claro.

Pronto, começamos a descer. Lá embaixo, arredores de Paris. Preparem-se. Parlez vous français?

No chão. Agora é só esperar pra ver se as malas chegaram no mesmo vôo e começar a aventura propriamente dita.

domingo, 26 de novembro de 2006

Uma nova viagem

A partir de segunda-feira, novas impressões de viagem. Pra ninguém se queixar que eu os deixei sem nada para ler. Ou ver.